sábado, 21 de abril de 2012

Como virar mão de vaca em um mês

Eu não tinha ouvido falar antes, mas desde cheguei aqui não dá pra negar: holandês é um povo mão de vaca! Pode ser mito de turista, mas as provas me parecem bastante claras...

Sabe aquele panfletinho de loja que a gente recebe e costuma nem dar muita bola? Pois bem, aqui ele é requisito de sobrevivência pra vender. Os panfletos, pelo menos aqui em casa, não chegam apenas de forma avulsa; toda semana há um pacote na sua porta, contendo um maço de panfletos de todos os tipos de lojas (mercado, brinquedos, flores...).

Pacote semanal: vai um panfletinho aí?
E existe uma palavra mágica para vender bem por aqui: korting, o famoso desconto (não por acaso foi a primeira palavra em holandês que aprendi!). Muitos descontos são bons mesmo; dá pra comprar coisas muito baratas sem baixar a qualidade, é apenas uma questão de saber onde e quando comprar (esses dias vi uma caixa de cereal Kellogg's de 750g por 2,40 EUR, até trocando pra Real tá barato!). E claro, tens os descontos fajutos, só pra atrair clientes....

Até agora achei apenas um lugar onde a pão-durice deste povo não se aplica: um orgulho nacional, completando 125 anos de bem servir seu povo, o onipresente Albert Heijn (realmente onipresente, tá em todas as cidades, quando você menos espera encontra um na sua frente!).

O Albert Heijn é uma rede de mercados exclusivamente holandesa: todo holandês sabe que ali os produtos não são os mais baratos, todo holandês reclama do preço do Albert Heijn, mas todo holandês já foi fazer compras no Albert Heijn (a propósito, estão sempre cheios). Perguntei esses dias qual era a diferença que fazia as pessoas pagarem mais caro (num país que conta moedinha) e irem pro Albert. A resposta: qualidade. Realmente, lá são vendidos os melhores produtos, as lojas são mais organizadas e dá até pra postar cartas por ele (!). Além disso a questão da fidelidade é muito bem aproveitada: o mercado fornece gratuitamente cartões bônus que dão desconto (opa, olha ele aí de novo) em alguns produtos, esse cartão tem até na versão para colocar no chaveiro, é sempre a preocupação com o cliente em primeiro lugar...

E na verdade o Albert é muito mais do que só uma rede de mercados. Há uma gama de produtos próprios, que aí sim permitem preços realmente competitivos (chocolate, sucos e tenho quase certeza que vi até um tubo de vitamina C com a marca do Albert).

(Se quiser saber mais o Daniel Duclos descreveu em detalhes como é ir no Albert! - aliás, ele fez uma enciclopédia de como viver na Holanda: obrigado Dani Duc!).

E depois de um mês convivendo com este povo, minha cabeça já foi afetada... Tomei o costume de olhar panfletos, procurar o local mais barato e fazer listas de compras (pra alegria do meu pai!), bom pro meu curto dinheiro de aluno intercambista...

Caso você venha ou esteja na Holanda, visite o Albert Heijn, é um monumento nacional espalhado por todos os cantos! Mas se estiver com pouco dinheiro pra passar o mês não se preocupe, dá pra viver bem e se sentir um tantinho holandês gastando pouco!

domingo, 15 de abril de 2012

Sobre o transporte público e a simpatia holandesa


Antes que alguém comece a acreditar piamente no que escrevo, devo esclarecer um ponto: conto aqui apenas o que vi, o que me contaram, o que sei. Nenhum país no mundo é uniforme (lembre-se que chamam o Brasil de país das praias e Carnaval, não está errado, mas é uma verdade muito incompleta). Agora que me expliquei, vamos falar em termos gerais...
Como bom trabalhador preciso pegar transporte público toda manhã (aqui o trabalho começa 9h, modelo americano: das 9h até 17h, com 1h de almoço). Por enquanto estava pegando o trem até a Utrecht Centraal Station (é assim mesmo, ‘Centraal’) e de lá, um ônibus até a CBS. 
Os trens na Holanda te levam pra qualquer lugar no país praticamente, o site da companhia NS é prático e intuitivo (tem versão em Inglês!). Claro que um país com pouco mais de 40 mil km² é muito mais fácil de cobrir que um de 8,5 milhões de km² como o Brasil...
Geralmente os trens chegam no horário exato (e se atrasa você é avisado pelo som e nas telas de informação), bancos estofados e uma viagem a mais de 150 km/h sem buracos e sacolejos... (Já estou virando tiete deste país).
Os ônibus também costumam estar na hora. A empresa aqui é a GVU (o site tá em Holandês? Usa o Google Tradutor!). Em cada ponto há tabelas mostrando os horários das linhas e, nas principais paradas, também há telas dizendo quantos minutos faltam para o próximo ônibus passar. E só pra não me esquecer de Curitiba, Utrecht tem biarticulado também!



Nos trens, bondes e ônibus há um sistema integrado para pagamento: o cartão OV (OV-chipkaart). É só colocar créditos nele e usar; é preciso fazer check-in nas maquininhas das estações ou nas entradas dos ônibus, basta encostar o cartão na maquininha, ler o Goede reis (Boa viagem) e seguir em frente, mas... nunca se pode esquecer de fazer o check-out: pois bem, aqui se paga o quanto se anda. Nos ônibus há uma tarifa básica de 0,83 EUR ao fazer check-in e mais 0,11 EUR por km andado, no trem o valor é fixo, dependendo entre quais estações você anda, mas a passagem parte de 2,10 EUR (ha, trem é mais rápido, te leva mais longe, atrasa menos, é mais confortável, só podia ser mais caro!). É claro que você deve estar se perguntando: o que acontece quando se esquece de fazer check-out? Aí meu amigo, você paga o valor máximo da viagem! A minha viagem de ônibus que é de 1,47 EUR viraria uma de 4,00 EUR e se for de trem, torça pra ele não estar indo longe, se não seu saldo vai acabar rapidinho...

Trem Sprinter: para viagens longas dentro do país

E por falar em Curitiba: ensinado por três anos com as curitibanices, me acostumei a não ser muito sociável no dia a dia. Mas eis que o povo holandês me mostra algo novo. É perfeitamente aceitável sentar-se ao lado de um desconhecido no trem e ainda puxar papo com ele! Se vai no mercado, inicie uma conversa com a pessoa ao lado sobre os preços, no fim vocês vão rir juntos. Tá perdido? Peça ajuda e alguém vai educadamente te responder e, provavelmente!, sorrir pra você (e, assim, eu pago de antipático! Como é que vou responder pra alguém em Holandês? No fim eu só sorrio e tá tudo certo!).